Notícias

Poder soberano e a superação de falhas do estado e TradFi

O Bitcoin surgiu com a ideia de que “o dinheiro não deve ser controlado pelo Estado”. Essa moeda digital representa a transição para um novo modelo econômico, onde as moedas tradicionais podem dar lugar a um sistema de troca mais universal. Diego Gutierrez, cofundador da Rootstock, vê um futuro onde a hegemonia do dólar não será substituída por outra moeda, mas sim por um mecanismo de “hiper-troca”, permitindo que pessoas negociem bens e serviços diretamente. Nessa nova realidade, o Bitcoin se tornaria a reserva de valor de longo prazo da humanidade.

Mesmo que esse futuro esteja longe de se concretizar, o Bitcoin (BTC) já se firmou como uma alternativa ao sistema financeiro tradicional. Ele se apresenta como um porto seguro para quem busca se proteger de instabilidades econômicas e políticas. Gutierrez acredita que o Bitcoin está ajudando a construir as bases para um mundo mais pacífico e próspero. Ele menciona que, historicamente, impérios lutavam para defender suas moedas. No caso do Bitcoin, por ser uma moeda universal, ele pode ajudar a amenizar conflitos ao oferecer uma reserva de valor neutra.

Conversando com o Cointelegraph Brasil, Gutierrez destaca que o Bitcoin foi criado para ser não controlável. Isso significa que a luta entre Estados e empresas pelo controle financeiro provavelmente não terá um vencedor definitivo. No futuro, sistemas centralizados terão que conviver com o poder descentralizado do Bitcoin. Para ele, isso representa um avanço em relação ao padrão monetário atual.

A aceitação institucional e corporativa do Bitcoin não deve ser vista como uma ameaça, mas sim como um passo em direção a um “Padrão Bitcoin”. Para Gutierrez, a essência do Bitcoin é que as pessoas possam trocar valor sem intermediários. Ter essa opção já é uma revolução, pois oferece um refúgio seguro em tempos de incerteza, mesmo que não todos precisem operar de forma descentralizada.

Rootstock e um sistema financeiro baseado no Bitcoin

Em 2014, Gutierrez criou a Rootstock (RSK) com a missão de construir uma infraestrutura que suportasse um sistema financeiro completo baseado no Bitcoin. Na época, as stablecoins ainda estavam engatinhando, e a ideia era criar um “dólar digital” respaldado pelo Bitcoin. Isso permitiria que serviços financeiros como empréstimos e poupança fossem garantidos pela robusta rede Bitcoin.

Com apoio de nomes conhecidos do universo cripto, a Rootstock foi lançada em 2018. O objetivo era ampliar os usos do Bitcoin, utilizando a Ethereum Virtual Machine (EVM) para implementar contratos inteligentes e Expandir as Finanças Descentralizadas (DeFi). A RSK opera como uma sidechain do Bitcoin, possibilitando a transferência e verificação de BTC de forma segura.

A segurança da Rootstock é garantida pela blockchain do Bitcoin através de um sistema chamado “merged mining”, permitindo que mineradores da rede principal produzam blocos simultaneamente na Rootstock. No entanto, ao longo do tempo, a Rootstock enfrentou desafios de escalabilidade. Para resolver isso, os desenvolvedores criaram o Rootstock Infrastructure Framework (RIF), que visa oferecer uma experiência semelhante a um banco tradicional, mas com a liberdade da descentralização.

Gutierrez cita o Dollar on Chain (DOC), uma stablecoin projetada para ser lastreada em Bitcoin e que é atrelada ao dólar. Essa moeda facilita operações de DeFi entre diferentes redes. Além disso, a Rootstock planeja introduzir uma versão digital do real e outras moedas convencionais alinhadas ao Bitcoin.

A Rootstock também vai integrar o USDT0, que é a versão nativa do Tether (USDT) no universo do Bitcoin. Essa integração vai agilizar o uso dessa stablecoin no ecossistema BTCFi. Gutierrez destaca que a recente adição da LayerZero melhorou a interoperabilidade, conectando melhor o ecossistema DeFi com a Ethereum.

Os números não mentem: segundo dados do Defi Llama, a Rootstock já possui um valor total bloqueado de US$ 255,5 milhões.

Bitcoin no centro de um futuro multichain e multipolar

Gutierrez imagina um futuro multipolar, onde o Bitcoin coexistirá com sistemas financeiros centralizados e outras redes de criptomoeda. Ele acredita que o Bitcoin, sendo um dos mecanismos mais seguros para transferência de valores, será amplamente utilizado em transações internacionais que movimentam trilhões de dólares.

Embora a Ethereum utilize um mecanismo de consenso diferente e tenha características distintas, suas funcionalidades complementam o Bitcoin e proporcionam segurança para transações de grande valor. Outras redes, segundo Gutierrez, terão propósitos mais específicos e níveis de segurança variados.

Ele ressalta que a regulamentação e institucionalização do Bitcoin estão promovendo essa transição. Um exemplo disso são os ETFs, que, mesmo buscando manter o status quo do sistema financeiro, estão ampliando o acesso ao Bitcoin.

Gutierrez conclui que o movimento de poder está mudando, assim como aconteceu em outras épocas. A liderança das commodities passou de Chicago para Nova York, e agora parece estar se transferindo para a Ásia e as criptomoedas.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo